Do dia 24 ao 29 de junho, a Amigas da Terra América Latina e Caribe (ATALC) esteve na cidade de San Cristóbal de Las Casas, no revolucionário estado de Chiapas, México, em um Encontro de Formação Política e de Comunicadores. Este ocorreu em Alternatos, casa sede de Otros Mundos Chiapas – Amigos da Terra México.
O período foi marcado por intensas vivências, com partilhas sobre a realidade de cada país e a geopolítica regional e global. Foram pautados temas como a construção da resistência e da reexistência, assim como os desafios frente às ofensivas da extrema direita, alinhada com os interesses empresariais dos setores do agronegócio, mineração, especulação imobiliária, militarismo e narcotráfico. Foram apontadas as responsabilidades históricas das empresas transnacionais e dos acordos comerciais neoliberais por violações de direitos, numa lógica que reproduz o colonialismo e tantas violências, especialmente na relação entre o Norte e o Sul globais.
O planeta aquece. De um lado, enchentes; de outro, secas extremas. A emergência é climática, mas a responsabilidade é política, e existem culpados: as grandes corporações, que só pensam no lucro enquanto tornam o planeta uma zona de sacrifício. Tendo isso em vista, durante nosso encontro pautamos as verdadeiras soluções populares dos movimentos sociais organizados desde as bases para a emergência climática, aquelas que ficam bem longe do mercado. Elas residem na luta pelos direitos humanos, dos povos e dos territórios. Estão no direito à terra, ao território e à dignidade, no assegurar as formas de vida coletivas e comuns, em cooperação com as águas, as matas e as diversidades da vida.
Além de dar nomes às transnacionais criminosas, abordamos como a captura corporativa das políticas e dos Estados as exime de responsabilidades, numa arquitetura da impunidade que demanda força social para desmantelar seu poder desigual. Aqui, erguemos a bandeira por um Tratado Internacional Juridicamente Vinculante em matéria de Direitos Humanos e Empresas Transnacionais, articulado a propostas de projetos de lei a nível nacional que pautam a primazia dos direitos humanos acima do lucro, como é o caso do PL 572/22 no Brasil.
Durante esses dias de muito aprendizado, pautamos a diversidade, potência e o quão imprescindíveis são projetos emancipatórios, que se dêem com justiça econômica, racial e de gênero, com participação popular, com defesa da democracia e do sentido do público para a construção de soberanias nacionais e regionais. E reafirmamos: a mudança precisa ser sistêmica e contra todas as formas de exploração e de opressão.
O momento também foi de articulação política e de estratégias de fortalecimento de alianças e construções com movimentos sociais, sindicatos e organizações de base. Nosso horizonte é de justiça climática e para os povos, em uma transição justa, popular e feminista.
Durante a formação, a Amigas da Terra Brasil apresentou o que vem sendo debatido, formulado e mobilizado a partir da Cúpula dos Povos rumo à COP30, da qual participa da Comissão Política e em diversos grupos de trabalho. Lúcia Ortiz, integrante da Amigas da Terra Brasil, destacou: “O processo de convergência é rumo à COP30 e mais além. Não esperamos chegar na COP30 e ter grandes resultados, quando a crise e a captura do multilateralismo já demonstrou incapacidade, inclusive de fazer frente a guerras e genocídios. Não fizeram sua tarefa de, minimamente, lograr políticas, ações e implementações reais para deter o caos climático em que estamos. É mais além, porque para a América Latina é muito importante mantermos e defendermos as democracias em nossos países, seguir na luta contra o fascismo e a extrema direita, e de recontar as histórias de luta dos nossos povos para gerar, no hoje, o esperançar na formação de uma nova geração de militantes pela Justiça Ambiental na defesa dos territórios e por projetos políticos emancipatórios, em que a sustentabilidade da vida esteja no centro”.
O momento contou com articulações políticas para somar regionalmente nesta construção, cobrando #direitosparaospovos e #regrasparaempresas.
✊🏾 Seguimos mobilizando para transformar!
Quem é a Amigas da Terra América Latina e Caribe (ATALC)
A Amigos da Terra América Latina e Caribe (ATALC) reúne 14 organizações da região, entre elas a Amigas da Terra Brasil (ATBR), que integram a Federação Amigos da Terra Internacional (FoEi).
Trabalhamos por justiça ambiental, social, econômica e de gênero, em aliança com organizações e movimentos sociais, com povos indígenas, campesinato, feministas, sindicatos e organizações em defesa dos direitos dos povos e seus direitos humanos, entre outros, construindo projetos políticos emancipatórios. Fazemos parte da Jornada Continental pela Democracia e Contra o Neoliberalismo, juntamente com nossas alianças estratégicas.
Levantamos nossa voz por uma América Latina e Caribe livres de todas as formas de opressão e livres do poder e da impunidade transnacionais. Apostamos em uma integração regional baseada na justiça ambiental, social, econômica e de gênero, e na solidariedade internacionalista.
Amigas da Terra Brasil
*Crédito da Foto: ATALC

















