Somos Amigas da Terra Brasil

A gente Fala Grita Canta Chora Ri Encanta A gente anda Corre Cambaleia Tropeça Cai Levanta E retoma Não para Constrói Sonha Faz Da vida esperança De se ter Paz Terra Teto Justiça E amor Porto Alegre, 22 de julho de 2023 Roberto Liebgott A coluna desta quinzena conta a nossa própria história de revisitar as nossas reflexões e ação política e, assim, a nossa identidade coletiva. Em nossa última Assembleia Geral, realizada no dia 21 de julho, deliberamos pela modificação de nossa identidade de “Amigos da Terra Brasil” para “Amigas da Terra Brasil”. Assumir essa nova identidade representa o acolhimento de um processo de transformação da nossa história, das pessoas que compõem a organização, do nosso fazer coletivo. Neste ano, em que completamos 40 anos de organização como membros da maior federação ambientalista de base do mundo, a Amigos da Terra Internacional (Friends of the Earth), organizada em 75 países, acreditamos que é tempo de que nossa identidade reflita os novos contornos das ações práticas. Nos últimos anos, empunham a luta pelo feminismo popular e pela justiça ambiental, assumindo com centralidade em nosso trabalho o desmantelamento do patriarcado e do neoliberalismo. Reconhecemos que não é possível construir justiça ambiental sem enfrentar as desigualdades de gênero. Em nosso cotidiano, visitamos nosso passado e assumimos esta identidade para construir outras perspectivas para o presente e futuro. Essa identidade reflete um processo de construção interna (falando para dentro) e se expandindo para fora.  A Federação, por meio das questões colocadas por diversas organizações membras e das alianças, assume para si um debate que, para além da complexidade da nossa realidade, cria toda uma narrativa que, por meio do feminismo e da resistência ao patriarcado, propõe-se a desmantelá-lo desde nossas organizações, entre elas na própria Federação e para o mundo. Para isso, a criação do debate nas regiões e de protocolos que garantam o acolhimento e as consequências de atos de machismo, violência e preconceitos de gêneros e a garantia de acesso às instâncias das organizações membras, da própria região e da Federação toda. Desde a Aliança Feminismo Popular, na solidariedade à luta das mulheres camponesas, das atingidas por barragens, afetadas pelas políticas de economia verde, das mulheres em luta por moradia, identificamos a carga desigual que as mazelas do capitalismo impõem para os corpos das mulheres. Ao afirmarmos o gênero feminino em nosso nome, expressamos o caráter de um movimento diverso, plural, multissetorial, que ganha mais unidade e coerência à medida que nos desenvolvemos como individualidades, organizadas e em movimento. Sob a mística do eterno oroboro, símbolo da continuidade, da transformação, do abraço e da unidade, da solidariedade internacionalista que une as pessoas amigas da terra na organização, na Federação, na aliança política com outros movimentos, como a Via Campesina e a Marcha Mundial de Mulheres, na construção de outro modelo de produção no qual sejamos todas amigas da terra. Caminhamos para usar a terra para continuar a produção e reprodução da vida, para que nossas relações sociais sejam pautadas por outro paradigma. Que não haja opressão. Em nossa nova identidade, ressaltamos o punho cerrado, que dá forma à árvore que antes ocupava seu lugar. Símbolo da clareza política de nos posicionarmos contra todas as formas de opressão, na luta antirracista, na defesa da natureza, dos direitos difusos da sociedade, na defesa da democracia e contra o neoliberalismo, na promoção da justiça ambiental, na construção do feminismo popular. Reconhecendo as forças do povo brasileiro que resiste à escravidão, aos despejos, à violência contra seus corpos e territórios. A nova identidade se alinha com um pensar descolonial de nossa história. Promove o encontro da identidade de nossa luta com a afirmação do papel das mulheres, dos povos indígenas, do povo negro e quilombola em nosso país. A árvore, que simboliza o movimento ambiental nos anos 70, encontra o oroboro, e se enraíza nesta terra na solidariedade e no internacionalismo. Na crítica contundente a todas as formas estruturais de opressão, de raça, classe e gênero. Hoje, somos uma geração de Amigas da Terra que já não precisa assumir imposições linguísticas do patriarcado. Somos compostas por uma diversidade de gerações, gêneros, orientação sexual, raça, dons, idades e capacidades. Hoje, somos uma geração de mentes e corpos que estão diferentes. Certos de que o caminhar até aqui nos tornou o que somos, visitamos o passado e nossa identidade com a certeza de que mudanças são necessárias. Nossa firmeza na luta que nos guia para avançarmos por um mundo mais justo e solidário é o que nos move a constantemente nos transformarmos e nos reinventarmos. Na Terra Brasil, que tantas dores carrega, em toda a sua abundância e esplendor, que floresçam incontáveis gerações de pessoas amigas da terra! Que elas se cultivem, adubem-se e se nutram das marchas, místicas, alianças, do calor da organização, da esperança, da luta. Que possamos seguir com a ousadia de mudar o mundo e mudarmos a nós mesmos! Coluna originalmente publicada no Jornal Brasil de Fato, em: https://www.brasildefato.com.br/2023/08/01/somos-amigas-da-terra-brasil 

Parceria entre Consultório de Rua e Cozinha Solidária leva saúde para a população em Situação de Rua

No da 19 de julho, o Consultório de Rua, programa do SUS, foi até a Cozinha Solidária Azenha para atender a população Com o objetivo de facilitar o acesso a serviços de saúde, a Cozinha Solidária da Azenha e o Consultório de Rua, de Porto Alegre, firmaram parceria para atender a população que frequenta o espaço. Uma vez por mês equipes multidisciplinares compostas por enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, auxiliares de enfermagem, dentistas, entre outros profissionais estará prestando serviços afim de levar direitos básicos a uma parcela da população que sempre teve esses direitos negados. :: Combate à fome: um dia na rotina da Cozinha Solidária do MTST :: Prestes a cumprir um ano de funcionamento na Avenida Azenha, nº 608, em Porto Alegre, a Cozinha Solidária da Azenha recebe, todos os dias cerca de 160 pessoas em situação de vulnerabilidade social, proporcionando alimentação nutritiva, além de ser um espaço de formação política social e cultural. E desde o dia 19 de julho, está levando assistência em saúde. A Cozinha da Azenha faz parte de um projeto nacional idealizado pelo MTST que visou a instalação de cozinhas solidárias em diversas regiões do país durante a pandemia da covid-19. Na capital gaúcha, iniciou suas atividades em uma ocupação. Como o imóvel pertencia à União, foi despejada em menos de um mês. No mesmo dia, a cozinha foi realocada para outro local cedido por uma moradora da região, que possibilitou o prosseguimento da preparação das refeições. Por nove meses, as marmitas foram distribuídas na Praça Princesa Isabel, também situada na Av. Azenha. :: Após quase oito meses servindo almoço na rua, Cozinha Solidária ganha espaço próprio :: Em Porto Alegre, de acordo com um levantamento da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), e da Unisinos, por meio do grupo de pesquisa e extensão interdisciplinar Passa e Repassa, existem 5.788 pessoas vivendo nas ruas da Capital. Pela estimativa da Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc) há 2.371. Acesso à saúde  “A parceria com o consultório da rua iniciou quando o pessoal nos procurou. As pessoas que a gente atende aqui na cozinha seguido têm problemas de saúde, é uma coisa bem recorrente, a dificuldade de acesso à saúde”, expõe o militante do MTST e Coordenador da Cozinha Solidária da Azenha, Fernando Campos Costa. Ele comenta que o movimento sempre dialogou com os trabalhadores e trabalhadoras da saúde, assim como a prática de encaminhar as pessoas para os centros de saúde, para os postos de saúde, e buscar essas soluções para os frequentadores do espaço. “Fomos procurados pelos trabalhadores, pela galera do consultório de rua, e eles vieram nos consultar se poderiam atender aqui na cozinha, uma vez por mês. Desde então tem sido bem bom o atendimento. Começa a rolar uma cultura desse cuidado com a saúde, de ver a saúde mais próxima”, afirma. ”Chamamos de Consultório na Rua equipes multiprofissionais que desenvolvem ações integrais de saúde frente às necessidades dessa população” / Foto: Marco Antonio de Faria O coordenador explica que há cerca de três meses os atendimentos vêm sendo realizados de forma paliativa. Fernando ressalta o trabalho feito pelas equipes e sobre a importância do Sistema Único de Saúde. “O SUS é um modelo de saúde que, pós-pandemia, se mostrou muito fundamental, importante para garantir o direito à saúde. Para nós, é muito importante que esse serviço exista e que essas pessoas, que estão em situação de rua, outras que estão vindo do Interior, pessoas que moram em comunidades aqui no entorno, como Cabo Rocha, Princesa Isabel, e outras.” “É um processo de dignidade. Ter um prato de comida é dignidade, conseguir ter uma roupa é dignidade, ter uma pia, um banheiro é dignidade. Poder ter a saúde, garantir essa dignidade são coisas que a gente vem tentando”, complementa. “A gente acredita que cada vez mais serviços possam ser desenvolvidos dentro da cozinha e que a cozinha seja realmente um lugar de reconstrução da dignidade do nosso povo” / Foto: Marco Antonio de Faria Fernando destaca também a aprovação, dentro do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), a aprovação a política pública de cozinhas solidárias. “A gente acredita que cada vez mais serviços possam ser desenvolvidos dentro da cozinha e que a cozinha seja realmente um lugar de reconstrução da dignidade do nosso povo. Com a PAA a partir de agora, as cozinhas vão começar a receber alimentos, infraestrutura”, destaca o coordenador. Somado a isso, continua Fernando, há decisão do Supremo Tribunal Federal que proíbe a remoção compulsória da população em situação de rua. “A gente espera que isso seja um novo momento para enfrentar essa situação. Estamos bem esperançosos com essas iniciativas, com essas conquistas que tem tido nos últimos dias. A gente acredita que vai conseguir mudar essa realidade e enfrentar melhor esses impactos todos que a gente teve, tanto na pandemia quanto durante o governo Bolsonaro”, finaliza. :: MTST combate a fome e promove segurança alimentar através de cozinha solidária no RS :: Sobre o consultório de rua  Conforme explica a gerente do Consultório na Rua Centro e Unidade Móvel de Saúde SMS/ IBSAÚDE e educadora Social de Rua do Movimento Nacional dos Meninos e Meninas de Rua (MNMMR), Luciana Moro Machado, a estratégia Consultório na Rua foi instituída pela Política Nacional de Atenção Básica, em 2011. Tento em vista ampliar o acesso da população em situação de rua aos serviços de saúde, ofertando, de maneira mais oportuna, atenção integral à saúde para esse grupo populacional, o qual se encontra em condições de vulnerabilidade e com os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados. ”Chamamos de Consultório na Rua equipes multiprofissionais que desenvolvem ações integrais de saúde frente às necessidades dessa população. Elas devem realizar suas atividades de forma itinerante e, quando necessário, desenvolver ações em parceria com as equipes das Unidades Básicas de Saúde do território”, expõe Consultório de rua oferece uma escuta qualificada, atendimento por equipe multidisciplinar, testes rápidos, orientações de necessidades mais emergenciais para a saúde / Foto: Marco Antonio de Faria De acordo com Luciana, ações compartilhadas e integradas aos serviços especializados,

plugins premium WordPress